quinta-feira, janeiro 31, 2008

A barca vai à deriva?

A encenação da Filandorra foi, sem dúvida, excelente. Passaram a mensagem de Gil Vicente para o público, pois conseguiram adaptar as referências da época do escritor à situação da vida actual. Gostei particularmente da homenagem que eles fizeram às vítimas dos acidentes no IP4, foi muito bonito da parte deles.
O cenário estava bem conseguido, com as duas barcas a demarcar o espaço do bem e do mal. O pormenor da barca do anjo, com o pára-quedas aberto por detrás deste deu uma imagem óptima, que só percebi, no fim, quando nos disseram como estava construído o cenário.
O actor que interpretava o Parvo estava muito bem, foi uma das personagens que mais gostei; e apesar de ser a primeira vez que se apresentava em palco, conseguiu passar a ideia da descriminação.
Os efeitos sonoros e a música deram uma melhor perspectiva sobre o que se iria criticar em cada personagem.
Liliana Almeida

A peça foi bem feita pelos actores; a luz, a música estavam muito bem. Mas não gostei do texto de Gil Vicente porque torna a peça chata.
André Morais

No início da peça, estavam no chão do palco alguns actores que representavam os mortos. Depois foram-se levantando e dirigindo até ao cais, onde eram recebidos pelo Diabo, que estava à espera deles. A seguir iam tentar a sorte com o Anjo, mas a maioria acabava na Barca do Inferno. Gostei de assistir à peça, mas houve algumas falas que não entendi.
Flávio Pereira

Eu, sinceramente, gostei muito, pois foi uma maneira de perceber a história sem termos de ler o livro, pois isso seria mais aborrecido.
Mónica Machado

Toda a peça foi fantástica: o cenário, a música para cada personagem, a interpretação. Gostei imenso da Barca do Inferno porque estava construída com destroços de automóveis.
Isa Lopes
Gostei da história, dá para ver os erros cometidos na vida e a razão por que são castigados. Gostei especialmente do Parvo, por toda a comédia e inocência dele.
Fátima Borges

Gostei muito da peça, principalmente do Parvo, que foi uma personagem bastante cómica. A peça pode ser considerada uma lição de vida: quem rouba, engana, etc, vai para o inferno e quem é bondoso, simples, vai para o paraíso.
Ana Cruz

Pois que ainda agora embarcamos, e chegaremos certamente a bom porto, sem passagens pelo "inferno". Todavia convém desfazer alguns equívocos. Mónica, o "ver", ler o texto em toda a sua força de representação é, evidentemente, importante para compreendermos a especificidade do género dramático, mas não dispensa outro tipo de leitura, mais analítica, desconstruindo e reconstruindo sentidos. Aliás como o Flávio, de alguma forma, percebeu ao perceber que não percebeu algumas falas... André, sem o texto de Gil Vicente não havia peça, não é? Descobrir que o que tu gostaste na encenação da Filandorra também era "texto" vicentino pode ser uma boa surpresa. A ver vamos. Gostaram todos da personagem Parvo e do actor que o interpretava. Eu concordo. A barca vai em deriva.
A prof.

terça-feira, janeiro 29, 2008

À barca, à barca - oulá!


Esta velhinha capa, uma edição da Porto Editora, congrega as cores que marcaram a encenação desta obra vicentina pela Filandorra, a que os alunos do 9º A e 9º CEF assistiram, hoje, no Teatro de Vila Real: o negro simbolizando a morte, o vermelho da Barca do Inferno e o branco da Barca da Glória. E deixo os comentários ao espectáculo "pera a gente que vinrá"...

sexta-feira, janeiro 25, 2008

A Princesa que queria ser Rei

A história da princesa cavalona, depois de lida numa aula de Formação Cívica do 9º A, a propósito das construções sociais de género (reflexão decorrente do tema da sexualidade, que estão a trabalhar em Área de Projecto), transitou depois, naturalmente, para o clube LerArtes, porque alunos e professora se apaixonaram definitivamente por este livro e quiseram partilhá-lo com os outros.
Os alunos que estão a preparar a leitura encenada d' A Princesa que queria ser Rei - a Isa, a Liliana, a Marisa, a Mónica e o Tiago - fazem a sua própria leitura desta história: a Liliana, a "narradora de serviço", admira o carácter determinado da princesa; a Isa acha-a um bocadinho mandona, mas gosta de bater o pé como ela; o Tiago adora fazer de pai indignado, não deixando, porém, de reconhecer, como o rei que interpreta, que tem uma "filha" fascinante (mesmo quando ela é um bocadinho bruta e o "ataca", como o testemunha a foto da direita); a Marisa quer ser uma rainha inflexível, mas é apenas uma resmungona à espera de se render aos encantos especiais da filha rebelde; a Mónica gosta de princesas-mulheres assim fortes e combativas.
Deixamos aqui dois excertos para perceberem a nossa admiração por esta personagem invulgar de Sara Monteiro, que desmonta alguns preconceitos e estereótipos sociais:
"«Minha filha», suspirou o rei, preocupado porque adorava aquela filha, a única que tinha, uma rapariga tão especial que nunca tinha encontrado outra, nem quando bebé, nem enquanto criança, nem agora, adolescente. Olhava-a e tremia de admiração e susto por ela. Não é como as meninas - fossem elas princesas ou não - costumam ser. Pelo menos não como estava habituado a ver as mulheres. A rainha era da mesma opinião. E era até mais por ela que o rei achava a sua filha pouco feminina. Porque, na verdade, quando o rei a olhava, ficava, como toda a gente, fascinado pelo seu aspecto físico. Quem a olhava dificilmente podia deixar de olhar. A rainha, que também sofria do mesmo fascínio, pensava que era por ela ser feia; e toda a gente pensava o mesmo, Na realidade, era o contrário. Não podiam deixar de olhá-las porque era demasiado bonita. De uma beleza única, primitiva, ligada à natureza, muito mais feminina do que qualquer outra rapariga."
(...)
"Era orgulhosa, pensava o pai, o que não é lá muito feminino. Ou seria? Às vezes surpeendia-se pensando nas suas imensas qualidades e assombrava-se por aquele ser tão peculiar ser sua filha. Ele, que era rei, não era nada de especial comparado com ela. Mesmo que as qualidades fossem defeitos, eram defeitos incomparáveis que pareciam qualidades. A rainha punha tudo no seu devido lugar: «Qualidades fora do seu sexo são defeitos e ponto final.
«Mas…», dizia o rei, «e se as qualidades não fossem de nenhum sexo?... Se pertencessem a todos?»”

quinta-feira, janeiro 17, 2008

8º B - Turma Ler+

Confirma-se, já é oficial, o 8º B vai à frente no campeonato «Turma Ler+», na divisão do 3º ciclo. Na verdade, em termos formais tal competição não existe ainda, mas que é muito boa ideia como desafio colectivo, lá isso é...


E a leitora+ do 8º B, até agora, é Marie-Line Santos, com três livros lidos e três fichas de leitura apresentadas:




Diverti-me muito a ler este livro, até porque os livros de aventuras são os que mais gosto de ler. E esta é uma aventura inesperada, no primeiro Natal que Os Cinco passam juntos... Acho a história muito fixe e não é nada infantil. Ensina-nos a confiar e a acreditar nos outros.


Gostei e não gostei do livro. Gostei da história de Constance, uma rapariga especial que vive momentos difíceis (a separação dos pais, o apaixonar-se pelo mesmo rapaz que a sua melhor amiga...). Não achei foi piada nenhuma ao facto de, no final, não se saber exactamente como acaba. Diz a minha professora de Português que é um final aberto e que até pode ser interessante o leitor ter a liberdade de imaginar o destino das personagens, mas eu não gosto e pronto.


Adorei este livro. A história de Said e Sheila, vivida entre uma aldeia do interior da Galiza e o mundo global do futuro, é uma aventura emocionante.




Leituras imprevistas: da pintura à escrita

Joan Miró
HOMME À LA PIPE, 1925

Um dia, uma jovem criatura, cuja espécie para os humanos era desconhecida, saiu do seu planeta e partiu em busca de algo novo. Durante a sua viagem procurou um planeta onde a vida existente fosse evoluída. Procurou, procurou, até que encontrou a Terra.
Quando começou a explorar o planeta, a criatura de outro mundo estava confusa, pois a atmosfera tinha demasiados gases e no ar encontravam-se milhares de micróbios e bactérias, que, ao entrarem em contacto com o seu corpo débil, o feriam.
O Alien decidiu arriscar e ver o que acontecia se andasse sem qualquer protecção. Entrou numa cidade e logo se apercebeu que o ar não era puro e que tinha gases poluentes em demasia. Continuou a vaguear pela cidade afora, cada vez mais fraco e débil, à medida que a noite se adensava, porque precisava da luz solar para sobreviver.
Ao amanhecer, recarregou as suas energias e chamou reforços para o ajudarem a limpar o planeta daquela poluição constante e altamente tóxica, pois, àquele ritmo, o planeta seria destruído em pouco tempo.
Quando os seus companheiros chegaram à Terra, tentaram perceber o qual seria a origem daquela poluição e foram investigando, acabando por descobrir que a culpa era de uma espécie abundante na Terra: o Homem.
Todos chegaram à conclusão de que a única coisa a fazer para salvar o planeta era destruir os seres humanos...

Flávio Pereira, 9º A
Pablo Picasso
Desnudo acostado y gato, 1964
Uma mulher, mascarada de diferentes tipos de animais, vagueava num desfile de carnaval, acompanhada do seu gato Chico. Era já noite, ninguém via por onde ia, e ela acabou por se perder do seu grupo de amigos.
Elzira, assim se chamava, cansou-se de caminhar durante toda a noite. Definitivamente, estava perdida. Cheia frio e de fome, continuou a caminhar ao acaso, até cair, exausta, sobre uma poça de água.
O gato preto de belos olhos verdes subiu para cima da dona e começou a fazer-lhe festas, a ver se ela acordava. Mas não adiantou nada. Ela estava morta.

José Carlos, 8º A

segunda-feira, janeiro 14, 2008

O encanto intemporal das aventuras




Série televisiva dos anos 80



Frontispício da primeira edição de As Aventuras de Tom Sawyer (1876)

O livro As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain, conta as aventuras do jovem Tom Sawyer, um rapaz órfão que vive com a sua tia Polly e o irmão, Sidney. Rebelde em casa e na escola, andava sempre a fazer asneiras e metido em confusões. Juntamente com o amigo Huckleberry Finn (Huck, como era conhecido) vive grandes emoções, como quando assistiram assistiram ao assassínio de um médico, no cemitério, quando lá iam enterrar um gato morto (porque diziam que fazia bem às verrugas). Ou quando foram à procura de tesouros que imaginavam existir em em ilhas, casas assombradas e arcas apodrecidas debaixo de velhas árvores. E tanto procuraram que encontraram...
Estas são aventuras que qualquer jovem gostaria de viver, por isso o livro é tão interessante.
Mark Twain era o pseudónimo de Samuel Langhorne Clemens, escritor norte-americano que nasceu em 1835, no Missouri e morreu em 1910. Teve uma infância de menino pobre, por isso teve que trabalhar desde cedo: como aprendiz de tipógrafo, piloto de barcos, jornalista, acabando por se tornar famoso como escritor.


Guilherme Machado, 8º A

terça-feira, janeiro 08, 2008

LerArtes - O que vamos a ler

No primeiro período andámos de cabeça no ar com O Menino e a Nuvem e a questionarmo-nos se «Os livros dançam?», misturando livros, música e dança. Para este período temos novos projectos, que passam, para já, pela preparação da leitura encenada de dois livros.


Um deles é uma adaptação, por Robert Sabuda, da extraordinária narrativa de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, preservando alguns dos seus momentos mais significativos: temos os encontros de Alice com o coelho e com a lagarta, com a cozinheira, com a duquesa e com o bebé porco, com o gato Cheshire, assistimos ao chá tomado com o chapeleiro, a lebre e o arganaz, ao jogo de croquet com a rainha de copas obcecada com o corte das cabeças...
Editora: Gailivro.

O outro é A Princesa que queria ser Rei, de Sara Monteiro, com Ilustrações de Pedro Serapicos.
«Jamais se vira uma princesa assim: tão grande, tão bela e tão peluda que causava espanto a quem para ela olhasse. Desde criança que o seu maior desejo era herdar o trono e governar. Mas o rei e as leis diziam que apenas um homem o podia ocupar. Esta é a história da luta da princesa para provar que é tão boa como qualquer homem. E mesmo melhor.» Editora: Ambar

Pois é, continuamos a acreditar que «Pelo livro é que vamos»...

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Quando os livros ficam tristes

«Era uma vez um livro triste.»
José Jorge Letria
Parece-me que muitos livros ficaram tristes durante o primeiro período, visto que a esmagadora maioria dos alunos do 9º A não cumpriu o contrato de leitura. E se à tristeza dos livros juntarmos a tristeza da professora... Então, não há aventureiros para seguir «um caminho de palavras»?
E O livro que queria ser lido. alguém sabe por onde ele anda? Desapareceu depois da apresentação das leituras encenadas do Clube LerArtes na Festa de Natal. Se alguém o viu perdido pela escola entreguem-no à Carina, do 8º B, porque ela quer muito lê-lo e torná-lo um livro alegre como ela.
Afinal ainda há livros perdidos e leitores que os querem encontrar...

sexta-feira, janeiro 04, 2008

As minhas leituras

No primeiro período li dois livros:

Tristes Armas, de Marina Mayoral, conta a história de duas meninas que foram separadas dos pais, porque Espanha (a terra delas), estava em guerra, e eles decidiram enviá-las para a Rússia. Quando estavam já a viver na Rússia, as meninas escreveram uma carta aos familiares, mas a carta perdeu-se no caos da guerra... E só muitos anos mais tarde ela iria ser encontrada.
Esta obra é muito interessante porque fala de uma família que não passou muito tempo junto das filhas. E como esta família existem muitas nos dias de hoje. A frase «Era mais veha por dentro que por fora.» mostra como essa experiência marca as pessoas que a vivem.
O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry, fala principalmente de como as pessoas mais velhas à vezes não percebem as mais pequenas. Mas também relata a viagem do Principezinho por vários planetas, onde conhecia pessoas diferentes e estranhas. Tem um narrador parcicipante, pois o piloto que encontra o Principezinho no deserto é quem conta a história.
Carina Silva, 8º B


A descoberta da narrativa histórica na biblioteca


O Balio de Leça, de Arnaldo Gama, narra a história de quatro soldados que iam para a guerra , no Balio de Leça. Quando lá chegaram, o comandante disse-lhes que a guerra já tinha acabado e que se podiam ir embora. Mas os soldados desejavam aventura e queriam que houvesse guerra, por isso desencadearam eles próprios uma guerra. Este livro foi uma das obras que mais gostei até agora.

Paulo Gaspar, 8º B

Mas tens de explicar por que razão é que gostaste, dizendo quais foram as características que te cativaram. O que não fizeste na ficha de leitura...

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Joel, "o leitor" do 8º A

O Joel foi o aluno que leu mais livros no primeiro período, tendo apresentado três fichas de leitura, contra apenas uma da maioria dos alunos (alguns não apresentaram nenhuma...). Eis o que ele disse sobre os livros que leu:

Nesta colecção temos como protagonistas dois irmãos que são grandes amigos de um cientista que criou uma máquina do tempo que os leva até vários anos atrás. Nesta história, Orlando, o cientista, leva-os para o ano em que o português Serpa Pinto decidiu descobrir o caminho por terra para a Índia, com o fim de encontrar o tesouro perdido...
Eu já tenho lido algumas obras desta colecção de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada e acho que são bons livros, porque nos ensinam de uma maneira diferente alguns episódios da História de Portugal.

Dumbledore, antes de morrer, deixou a Harry uma missão: encontrar e destruir os Horcruxes. Harry e os seus dois amigos, escondidos de tudo e de todos, procuraram os Horcruxes, enquanto Voldemort se encarregava de conquistar o mundo, pois tinha conseguido deitar o Ministério abaixo, ficando com ele nas mãos...
Mas muita coisa vai acontecer antes do Bem triunfar sobre o Mal...
Este livro, como o resto da colecção, é muito bom, e aconselho-o a quem gosta de magia e aventura.

Era uma vez um rapaz, Dinis, que desde muito novo tentou salvar a mãe do pai, que chegava sempre a casa bêbado. Quando fez dezoito anos, depois de ter levado porrada do pai, decidiu sair de casa e apresentou queixa à polícia. No tribunal, a mãe, com medo, defendeu o pai dele, o que o deixou sem testemunhas. Após pedidos da mãe, retirou a queixa, mas nunca acreditou que o pai iria mudar. E foi o que aconteceu: mais uma vez chegou a casa embriagado, bateu tão violentamente na mãe que esta foi parar ao hospital. Foi então que ela decidiu apresentar queixa à polícia, divorciar-se e reconstruir a sua vida e a do filho.

Luís Faria apresenta... Perigo Vegetal


Esta obra remete-nos para o ano 2075, onde Said e Sheila, dois irmãos órfãos, nos contam a grande aventura que viveram.
O livro fala de um super-cereal (SC-1) que iria ser produzido para acabar com fomes e outros problemas, mas na verdade esse cereal acabou por se tornar numa praga vegetal.
Said e Sheila, juntamente com outros amigos, como Yu-Su e Kim-Sam, acabaram por estragar os planos de Mister Belux, director-geral da C.U.B., que se queria tornar dono do mundo. A ambição saiu-lhe cara, pois Said e Sheila, depois de grandes tormentos, acabaram com tudo e em bem.
É uma história muito engraçada, pois entra no mundo do fantástico. Mas gostei sobretudo porque não gostava de ler e senti-me muito bem a ler esta obra.
O autor, Ramón Caride, é licenciado em Biologia e professor do ensino secundário. E já escreveu Ameaça na Antártida e O Futuro Roubado, duas obras que continuam as aventuras de Sheila e Said.
Luís Faria, 8º A