domingo, maio 23, 2010

Entre textos

Poema à Mãe

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.


Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

O que vos proponho é, pois, uma leitura deste texto em diálogo com o livro À Beira do Lago dos Encantos. Leitura intertextual. Entre o Lago dos Encantos e as «rosas brancas» do retatro na moldura, entre buscar o Longe e ir «com as aves», encontrarão, certamente, sentidos comuns. Procurar com o sentido da sensibilidade bem alerta é uma sugestão que fica.

terça-feira, maio 18, 2010

Entre o lago e o caminho

A peça À Beira do Lago dos Encantos passa-se num planeta desconhecido e distante, de Natureza semelhante à da Terra, mas existem lá elementos brancos, transparentes e impalpáveis. No planeta vivem um rapaz e uma rapariga – Ele e Ela, depois nomeados Adão e Eva – que não sabiam muita coisa da vida e tinham uma transparência interior.
Um dia apareceu lá numa nave João, um rapaz vindo da Terra. Depois, João, os Cinco Sentidos, o Vento, o Tempo e a Fada ajudam Adão e Eva a perceber o significado de algumas palavras que inventaram, a explorar o mundo que os rodeia, a ter mais imaginação, a descobrir a amizade.
Este planeta representa simbólica a vida dos adolescentes neste nosso planeta Terra, pois é nessa fase da vida que se quer saber mais, por isso eles queriam ir para o Longe, crescer, abrir-se à descoberta. Porém, por outro lado, esse
Para eles, este planeta, enquanto lugar da infância, era um espaço de segurança, por outro lado, enquanto processo de crescimento, funciona como território a explorar. Tal como Adão e Eva da Bíblia, eles habitam um paraíso que desconhecem e a obra retrata o momento em que começam a abrir as portas dos sentidos da vida.
Eles têm de crescer e deixar para trás o Lago dos Encantos (o tempo da infância), mas não querem deixar de ser transparentes por dentro, ou seja, querem preservar a inocência da infância guardando dentro de si a memória desse Lago dos Encantos.

Luís, Madalena, Nuno e Sara, 7.º (corte e costura do texto colectivo feito pela professora de Língua Portuguesa)

segunda-feira, maio 17, 2010

E afinal que lago é este?


Fica a pergunta em aberto para alunos que queiram procurar um sentido para o Lago dos Encantos.

domingo, maio 02, 2010

Onde vamos lendo?

Vamos descobrir mais um livro, talvez um planeta, longe e perto, dentro e fora da leitura. Porque o teatro também é a vida e todos nós passámos à beira do lago dos encantos.