Paula Rego
MINHA FILHA OU A CORES
Minha filha com olhos de
rainha,
cabelos de princesa
As palavras macias,
peregrinas,
brincando-se no palco
entre papel e
mesa
Um cordel entrançado
a linha de ouro
que pudesse medir
esta distância:
a que s lança entre papel
e tu.
Minha filha de
infância em finos
sons.
Um cordão entrançado
a fia de prata,
a malha reticente
e apertada
que nada
era a princesa.
Palavras
na infância
do falar:
«Minha». Tão devagar:
E o resto
tricotado
a azul turquesa.
Ana Luísa Amaral, Às Vezes o Paraíso, Quetzal Editores
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