- Não te fazia agora por estes sítios - começou o Lopo, a enrolar um cigarro forte. Mariana sentiu outra vez o sangue a ferver-lhe pelas veias fora. A fogueira precisava de lenha.
- E se nós fôssemos a uma meda de rama, que há ali adiante, buscar um braçado dela?
Mariana calou-se. O lume, por dentro, continuava a queimá-la.
- Põe aí o pequeno - ordenou ele. Ela obedeceu. E, logo adiante, num valado, sobre
gabelas secas de mato, o seu corpo serenou.
(...)
- Essa mulher continua na mesma vida? - perguntou na sala a Marília, que acabara de chegar do colégio com um selo branco na virgindade. _ Pois continua...
- Pouca vergonha maior!
- Que se lhe há-de fazer?
- Tirar-lhe as crianças e metê-las num asilo.
- Essa mulher continua na mesma vida? - perguntou na sala a Marília, que acabara de chegar do colégio com um selo branco na virgindade. _ Pois continua...
- Pouca vergonha maior!
- Que se lhe há-de fazer?
- Tirar-lhe as crianças e metê-las num asilo.
Miguel Torga, «Mariana», Novos Contos da Montanha
Hoje os alunos do 9ºA, em Área de Projecto, leram este conto para reflectir sobre os comportamentos sexuais, o seu impacto no percurso de vida e a reacção social a esses comportamentos. O Ricardo achou que ela era ninfomaníaca porque tinha uma vida sexual muito activa com diferentes parceiros sexuais; o Luís Faria sublinhou o facto da sua vivência sexual ter uma dimensão puramente física, desligada dos afectos; a Lúcia achou-a uma irresponsável porque tinha relações sexuais com qualquer um e sem protecção (e o Luís Kuski questionou se na época retratada já existiria o preservativo); o Guilherme realçou o facto de, dessas relações, nascerem muitos filhos, o que aumentava ainda mais a censura social. Outros mais intervieram (a Carina, a Márcia, a Cristina, a Marie-line...), outros ficaram mais calados... Mas é preciso pensar e participar!
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