Castro, de António Ferreira, encenação de Ricardo Pais
Castro
Colhei, colhei alegres,
Donzelas minhas, mil cheirosas flores.
Tecei frescas capelas
De lírios e de rosas; coroai todas
As douradas cabeças.
Espirem suaves cheiros,
De que se encha este ar todo.
Soem doces tangeres, doces cantos.
Honrai o claro dia,
Meu dia tão ditoso, a minha glória
Com brandas liras, com suaves vozes!
Ama
Que novas festas, novos cantos pedes?
Castro
Ama, na criação ama, no amor mãe,
Ajuda-m'ao prazer.
Ama
Novos estremos vejo.
Nas palavras prazer, água nos olhos.
Quem te faz juntamente leda e triste?
Castro
Triste não pode estar, quem vês alegre.
Ama
Mistura às vezes a fortuna tudo.
Castro
Riso, prazer, brandura na alma tenho.
mmmmm
António Ferreira, Castro
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto III, 120
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