quarta-feira, abril 29, 2009

Márcia e o teatro

Na realidade, o teatro é o mundo, é como se fosse o nosso espelho, porque reflecte a nossa imagem como pessoas, no fundo também demonstra aquilo que somos. Gil Vicente, no Auto da Barca do Inferno fez questão de realçar a realidade humana e da nossa sociedade, destacando aspectos que existem ainda na actualidade. Para mim o teatro é muito mais do que aquilo que vemos no palco, é também aquilo que sentimos e vivemos, as sensações que florescem e nos fazem vibrar. O teatro é fantástico.

terça-feira, abril 28, 2009

Três em um



Polly Jean Harvey e Bjork numa interpretação de «Satisfaction», canção dos Rolling Stones, nos Brit Awards, 1994. Para o Luís, a propósito da música ouvida entre Cerva e Ribeira. Valete fica para a próxima, Pedro. Estava difícil encontrar uma música que fosse "politicamente correcta" q.b. para poder ser postada aqui...

segunda-feira, abril 27, 2009

Vamos à obra vicentina


Nesta aguarela, Roque Gameiro pinta a sua visão do ambiente em que teria sido apresentada a primeira peça de teatro de Gil Vicente (escrita e interpretada pelo próprio): o Monólogo do Vaqueiro (ou Auto da Visitação). A representação teve lugar nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João III), na noite de 8 de Junho de 1502.
O ambiente em que nos iremos integrar amanhã será necessariamente diferente: auditórios municipais são muito diferentes de aposentos reais, pois claro. (E também já não há príncipes. Só vocês, que, no que toca à atitude como alunos, às vezes estão mais para sapos... Mas pronto, às vezes também estou mais para bruxa, como hoje, não é verdade?) A peça também será outra, o Auto da Barca do Inferno, com encenação e representação da Filandorra. Vamos à obra vicentina, pois.
llllll

O teatro grego em Nova Iorque



Acerca de teatro. Origem grega. Tragédia, coro e afins. Aqui de visita na comédia de Woody Allen.

quarta-feira, abril 22, 2009

Livros confortáveis?

http://www.mikatech.com.br/
nnnnnnnnn
Este sofá-biblioteca é uma boa ideia para aqueles que já são apaixonados pela leitura, mas poderá ser também uma excelente ideia para conquistar novos leitores. Alguém que se sente ali terá uma tendência natural para "brincar" com os livros, Seria uma óptima forma de "quebrar o gelo", não acham?
nnnnnnnnn

segunda-feira, abril 20, 2009

Portugal...

Edgar Pêra, 25 DE ABRIL UMA AVENTURA PARA A DEMOKRACYA

Ainda a propósito de Os Lusíadas, a Mensagem e outros motes:

Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida,
O favor com quem mais se acenda o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
no gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.

Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto X, 145

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa, Mensagem

quinta-feira, abril 16, 2009

Myra em trânsito de si


«Do mal até ao mal é só um compassso de espera.» (p. 221)

sábado, abril 04, 2009

Palavras que trabalham e palavras preguiçosas


3.ª Pergunta
Senhor Breton, há palavras que trabalham e há outras preguiçosas, que existem simplesmente no seu lugar na frase, e aí ficam, sem deslocações. Parece-me, no entanto, que a preguiça nas palavras - e coloco-lhe esta questão, senhor Breton -, que a preguiça não será tanto uma questão de imobilidade da palavra em si - mas sim de algo mais grave : o não fazer mover quem a lê, é essa a palavra indolente. Preguiça no verso é, pois, não fazer trabalhar o leitor.
Há versos cobertos de suor e esforço que só provocam no leitor uma leve compaixão, um oferecer de um lenço azul-claro para secar a cansada testa das palavras.
Se as palavras chegam já fatigadas ao leitor, este só fará delas algo se for muito bonzinho, bom coração, leitor de bons sentimentos. Ora, parece-me, e talvez concorde com tal afirmação, senhor Breton, parece-me, dizia (e o senhor Breton endireitou-se na cadeira e fez um ar sério), que os leitores de bom coração não existem, isto supondo que os humanos são os únicos com o destino virado para a literatura. Nunca vi um homem de bom coração a não ser nos versos maus, mas isto é apenas uma opinião, eventualmente amarga ou irónica, mas o que mais importa é saber exactamente onde começa um verso. Ou seja: será que o verso começa na primeira letra da primeira palavra desse verso? Não me parece. Há certos versos que começam no meio, numa palavra central, numa palavra que sofre mais do que as outras e que faz sofrer mais do que as outras. Ou começam, pelo contrário, numa palavra mais feliz, ou numa palavra com maior concentração de veneno.
É evidente, por exemplo, no verso "Elle passa sa nuit dans des latrines." o início é nas latrinas. Isto é: o verso começa com a palavra que o termina.
(...)
Uma rosa, apesar de bela, tem uma parte acastanhada e suja debaixo da terra. E um verso é como uma planta: é belo se investigar a terra que o destino lhe colocou por baixo. A beleza será pois uma profundidade e não uma estatura, muito menos uma cor ou uma forma. Concorda com este raciocínio, senhor Breton? Concorda com este modo de abrir os olhos?

Gonçalo M. Tavares, O Senhor Breton e a entrevista, pp. 19-2o