sábado, março 27, 2010

Leituras+

No contexto dos respectivos planos individuais de leitura, e aproveitando o facto deste livro acompanhar o manual, os alunos do 7.º A e 7.º B leram-no em leitura autónoma, da qual entregaram a respectiva ficha de leitura. Lamento que alguns tenham optado pela batota do copy past de trabalhos encontrados na Internet (7.º A) e outros pelo copy past da ficha dos colegas. Ficam aqui dois bons exemplos, daqueles que leram mesmo e fizeram o resumo e o comentário crítico. Bastante diferentes, por sinal: a Sara (7.ºA) apresentou uma ficha de leitura muito extensa, contemplando um resumo de cada conto; a Ariana (7.º B) fez um resumo muito sintético, mas que não deixa de captar o essencial deste livro. No caso da Sara, fica apenas o resumo do conto «O Suave Milagre» por falar da figura celebrada na Páscoa.
lllllllll
«O suave milagre»

Há muito tempo, ainda quando Jesus estava na Galileia, contava-se que tinha nascido uma pessoa enviada por ele. Havia um homem chamado Obed, a quem o rebanho e a vinha tinham morrido por causa do vento. Então pensou que rabi o podia ajudar a acabar com a morte do rebanho e a por verdes as vinhas. Mandou os seus criados à procura, que receberam várias indicações, mas não deu em nada. Até Sétimo, centurião romano que comandava um forte, enviou um batalhão de soldados à sua procura para curar a filha, e nada.
Viviam num casebre uma viúva e o filho aleijado que passavam muitas dificuldades. Um dia um velho contou-lhes a história do rabi que fazia milagres, então o filho pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi. Aí ela contou-lhe que Obed e Sétimo o tinham mandado procurar em vão, mas o menino continuava a dizer à mãe que queria ver Jesus, e logo de seguida Jesus entrou e disse «Aqui estou.».


Comentário crítico sobre o livro:
Cada conto transmite uma moral muito importante. Nestes diferentes contos há pessoas que são muito bondosas e respeitadoras (exemplo: a aia), mas também pessoas invejosas que querem tudo para elas (exemplo: Rui e os irmãos, do conto «O Tesouro»). Aprendemos também que Jesus dá atenção a todos.
lllllll
Sara Costa
lllllllll
Resumo do livro:
Este livro conta a história de uma aia que era muito generosa, de três irmãos que eram tão "amigos" que depois acabam por se matar uns aos outros, de um rei que era muito rico e que deu tudo que tinha, de um rapaz que andava sempre aborrecido e que encontrou a sua paz no campo, e de um menino que acreditava que havia milagres e acreditou sempre até que um dia Jesus lhe apareceu.
llll
Ariana Gonçalves

domingo, março 21, 2010

Poesia a dias


Ana Hatherly

O PROBLEMA DE SER NORTE
lll
Era um verso com árvores à volta.
Tinha o problema de ser norte
e dia e tão contrário à natureza.
Era um verso sem ar livre
mas com árvores em círculo
e eu no centro, em baixo, nas escadas
de pedra, cheia de verde e de frio
e a pensar que continuo a não entender
a natureza contrária aos meus olhos.
Pois se as árvores são a única
paisagem deste verso, a toda a volta,
e eu no fundo, em baixo, nas escadas
de pedra ainda, se voltando-me, morrendo,
serão elas ainda a única paisagem deste verso,
como poderei amá-las
sem que
lll
um
raro
silêncio ainda
ll
me interrompa?
mmm
Filipa Leal, O Problema de Ser Norte, Deriva Editores
llll
llll
O POEMA
lll
I
ii
Esclarecendo que o poema
é um duelo agudíssimo
quero eu dizer um dedo
agudíssimo claro
apontando ao coração do homem
lll
(...)
ll
Luiza Neto Jorge, Poesia, Assíírio & Alvim

segunda-feira, março 08, 2010

Dia Internacional da Mulher

Helena Almeida

«O Avô Markus sentava-se em baixo, na secção dos homens. A avó Ester e eu subíamos a escada para a galeria da smulheres. Perguntei certa vez à avó por que é que os os homens ficavam separados das mulheres e por que é que as mulheres não intervinham nas cerimónias mais magníficcas.
(…)
− Há séculos, disse ela, as coisas superiores e importantes eram exclusivo dos homens. Ainda nos tempos de hoje isso se ressente. Só os homens são chamados para pegar nos rolos da tora e para ler os textos. Onde alguma vez se viu um rabino de saias? Mas basta. Agora já sabes por que é que nós as duas ficamos cá em cima, isoladas dos homens.
Tirando os sermões sobre o que era prático e económico, nunca a avó me explicara tanta coisa de uma só vez. E, facto estranho: nas faces pálidas surgiram-lhe manchas vermelhas que faziam lembrar rosas murchas.
− Os homens ainda agora têm mais importância do que as mulheres?, perguntei.
− Enfim, as coisas já estiveram piores. Espero que se dêem grandes modificações até tu seres uma rapariga crescida.
Era deveras emocionante ouvir falar assim a avó Ester. Eu precisava de aproveitar aquela ocasião para ficar a saber mais sobre o assunto. Mas pousou o dedo nos lábios, o que queria dizer que me devia calar.
De noite tentei continuar a conversa com o avô, que, no entanto, não parecia interessado.
− Achas que a tua avó não tem importância nesta casa?, perguntou, e deu uma risada seca.
Oh, sim, era verdade: a avó Ester era a pessoa mais importante em nossa casa. Limpava, cozinhava, lavava a roupa, guardava o dinheiro, destinava os gastos e dava ordens. O avô chegava a mentir, de tanto medo que tinha dela. Mas, mesmo assim, tudo isso nada tinha a ver com o que a avó me dissera naquela tarde. Certamente o problema pertencia aos que agitavam a alma e, por isso, o avô esquivava-se.»

Ilse Losa, O Mundo em Que Vivi

Proposta do dia: deixar um comentário sobre este tema, partindo do texto de Ilse Losa, procurando interpretar as perspectivas da avó e do avô de Rose sobre a questão dos direitos das mulheres e da igualdade de oportunidades e responsabilidades.