Aqui ainda podemos esquecer-nos
aqui ainda podemos fechar os olhos e sonhar
aqui ainda podemos ignorar voluntariamente
o dragão pela noite
Aqui ainda podemos fingir de homens
aqui ainda podemos sorrir como se nada fosse
aqui ainda podemos jogar obsessivamente o xadrez
Aqui ainda podemos ter pequenas ambições
aqui ainda podemos ser pequenos em tudo
aqui ainda podemos cruzar inteligentemente os braços
Aqui ainda podemos estar mortos e ler o jornal todos os dias
aqui ainda podemos responder a anúncios
aqui ainda podemos ter um tio nas Américas
Aqui ainda podemos ter um rádio portátil
aqui ainda podemos gostar de futebol
aqui ainda podemos ter uma amante oculta
Aqui ainda podemos ir cedo para casa
aqui ainda podemos estar no café com os amigos
aqui ainda podemos ter um jeito marítimo
Aqui ainda podemos
em silêncio esperar
Daniel Filipe, A invenção do amor e outros poemas
Que aluno do 8º A ou do 8º B leu este poema na quinta-feira? Que "aqui" é este que ainda nos resta?
sábado, maio 31, 2008
quinta-feira, maio 29, 2008
A escolha poética da Lúcia
in http://www.vadiando.com/archives/000431.html
Há portas
que é melhor
fechar
para sempre
Há portas
que é melhor
não abrir nunca
Adília Lopes, in Caderno
que é melhor
fechar
para sempre
Há portas
que é melhor
não abrir nunca
Adília Lopes, in Caderno
sábado, maio 24, 2008
Maria Teresa Horta
"À boleia" com o 10º D do Agrupamento de Escolas do Cerco
Regresso
Regresso para mim
e de mim falo
e desdigo de mim
em reencontro
os pontos
um por um:
o sol
os braços
a boca
o sabor
ou os meus ombros
Trago para fora
o que é secreto
vantagem de saudade
o que é segredo
Retorno para mim
e em mim toda
desencontro já o meu regresso
Maria Teresa Horta, in Minha Senhora de Mim, Gótica, 2001
Regresso para mim
e de mim falo
e desdigo de mim
em reencontro
os pontos
um por um:
o sol
os braços
a boca
o sabor
ou os meus ombros
Trago para fora
o que é secreto
vantagem de saudade
o que é segredo
Retorno para mim
e em mim toda
desencontro já o meu regresso
Maria Teresa Horta, in Minha Senhora de Mim, Gótica, 2001
quinta-feira, maio 22, 2008
Os Lusíadas
Atenção, 9º A, o teste sobre esta fantástica obra camoniana já é na próxima segunda-feira...
segunda-feira, maio 12, 2008
O problema...
O MAPA
Um dia perguntou-me:
Estudaste os teus mapas? Conheces os caminhos?
Olhei-a desconfiada e, cheia de medo de me perder,
desenhei-me em quadrado,
desfiz-me em quilómetros.
Um dia perguntou-me:
Estudaste os teus mapas? Conheces os caminhos?
Olhei-a desconfiada e, cheia de medo de me perder,
desenhei-me em quadrado,
desfiz-me em quilómetros.
Filipa Leal, in O Problema de Ser Norte
Para a Marisa, que gosta de poesia. Para a Marisa, que deitou fora o mapa apesar de ainda não conhecer os caminhos.
Obrigada, Paulinha, pelo livro e por seres norte.
Prof. Inês de Castro
História sem idade
"Algures entre a realidade e o sonho há um lugar poético. É aí que decorre esta singular história de amor, que opera uma delicada fusão entre o humano e o mundo natural. Se um rapaz ou uma rapariga estão a crescer, tudo lhes pode acontecer. Até transformarem-se em hipopóptimos! Mas o que será um hipopóptimo?!?"
Esta é uma obra extraordinária que nos fala das fases do crescimento sem ser directamente, o que torna a história mais interessante. Pela capa, parece uma história infantil, mas quando abrimos o livro de Álvaro Magalhães e o lemos, vemos que é verdadeiramente interessante também para os jovens.
Isa Lopes, 9º A
segunda-feira, maio 05, 2008
Mais livros na estante
A Colecção Grandes Autores Portugueses, editada pelo Jornal de Notícias para celebrar os 120 anos desta publicação diária, já se encontra nas estantes da nossa biblioteca. Esta colecção, composta por 17 livros, reúne as obras-primas dos mais notáveis escritores portugueses desde a Idade Média até ao inicio do século XX. São clássicos da nossa literatura onde tu poderás decobrir o prazer da leitura.
domingo, maio 04, 2008
Mãe
Mãe vem ouvir a minha cabeça a contar historias ricas, que ainda não viajei!! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue! Verdadeiro, encarnado!
Mãe ! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar, tenho sede!
Eu prometo saber viajar...
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens.
Aquelas que eu viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos as minhas e dá um nó cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa, como a mesa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe ! Passa a mão sobre a minha cabeça!
Quando passas a tua mão sobre a minha cabeça é tudo tão verdade.
Almada Negreiros, in Rosa do mundo
Tinta cor de sangue, sangue! Verdadeiro, encarnado!
Mãe ! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar, tenho sede!
Eu prometo saber viajar...
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens.
Aquelas que eu viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos as minhas e dá um nó cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa, como a mesa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe ! Passa a mão sobre a minha cabeça!
Quando passas a tua mão sobre a minha cabeça é tudo tão verdade.
Almada Negreiros, in Rosa do mundo
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