sábado, dezembro 15, 2007

Os livros dançam?

«Era uma vez um livro triste. E não era triste pelo que contava nas suas páginas e ilustrações, mas sim porque tinha um desejo imenso de ser lido e muito poucas pessoas pareciam ter vontade de ler. Por isso, era um livro triste, e não se envergonhava de o ser, perguntando mesmo com frequência:
- Se um livro existe para ser lido e a mim não me lêem, como posso eu andar contente da vida?»

(in O livro que só queria ser lido, de José Jorge Letria)

Então, os membros do clube LerArtes resolveram tirar este e muitos outros livros da estante e pô-los a dançar. Este trabalho de encenação - à volta das palavras, dos textos, dos livros, das experiências e da diversidade de gostos de leitura - culminou em duas apresentações públicas: uma no dia 13 à noite, no âmbito da Feira do Livro da escola e outra na Festa de Natal, no dia seguinte.

As "meninas" - a Ângela, a Carina (8º B), a Carina (9º B), a Cátia, a Cristina, a Isa, a Laila, a Liliana, a Lúcia, a Márcia, a Marie-Line e a Mónica - cruzaram leituras e divertiram-se muito, apesar do trabalho intenso das duas últimas semanas. O Luís Faria juntou-se a nós nos últimos dias para ser o nosso livro triste.
Um beijo enorme para vocês, minhas lindas (e lindo...). Divirtam-se muito nas férias e... convidem muitos livros para "dançar" na vossa imaginação.

A prof. Inês de Castro Silva

sexta-feira, dezembro 14, 2007

A minha força de viver

Ontem à noite, no âmbito da Feira do livro da Escola, contámos com a presença de Susana Lima Preira, autora do livro A minha força de viver, numa sessão de apresentação e divulgação do livro, da sua mensagem, do projecto ACREDITAR, com o qual a Susana colabora e para a qual revertem também os lucros da venda dos seus livros.
Na foto vemos Paula Cruz (professora do Agrupamento de Escolas do Cerco, onde a Susana frequenta o 12º ano), à direita, apresentando o livro e a autora; a mãe da Susana, à esquerda, que tão emocionadamente nos falou da experiência que viveu como mãe de uma criança ameaçada pela leucemia e, consequentemente, pelo fantasma demasiado próximo da morte; e, ao centro, a Susana abrindo o sorriso que regressou ao seu jovem e bonito rosto, que transmite essa força e alegria de viver que deseja incutir noutros jovens que passam neste momento pela mesma situação dramática.
Este testemunho tão pessoal e, apesar disso, generosamente transmissível tocou e comoveu toda a assistência, que, no final, não quis deixar de manifestar individualmente a admiração pela sua "força de viver" e, claro, pedir um autógrafo.


Mas, antes da sessão de autógrafos com a Susana, houve ainda tempo para a apresentação do livro Catálogo de Venenos, da Deriva Editores, traduzido por Paula Cruz do galego para o português. Paula Cruz, além de professora (sempre envolvida em múltiplos projectos escolares), é colaboradora regular do suplemento “Das Artes e das Letras” (d’ O Primeiro de Janeiro), desenvolve uma tese de doutoramento em Adília Lopes e, agora, inicia-se na tradução com este livro de Marilar Aleixandre.
A tradutora realçou a ponte que se podia estabelecer com o livro da Susana, uma vez que ambos resultam de experiências-limite, no limiar da morte e da vida. No caso de Catálogo de Venenos, o trabalho poético parte da vivência pessoal do regresso a casa para acompanhar a mãe, vítima de cancro, no seu percurso até à morte. Daí nasce um confronto com o tempo das memórias, a redefinição da imagem e do papel da mãe na sua vida e também uma busca da sua própria identidade. O texto da contracapa remete-nos precisamente para essa ambivalência entre a tensão e a emoção:

“Catálogo de Venenos é um acto de amor e um ajustamento de contas. Uma filha interroga-se sobre a mãe-madrasta, sobre uma relação na que se cruzam amor e ódio, dependência e identificação: “não sabia que foste tu quem me educou/contra ti mesma”. Venenos íntimos, herdados ou escolhidos. Venenos que fendem a língua, pois caminhar sobre o gume da língua é tão perigoso como andar pelo gume dos cutelos. Rebelião que é possível ao levar por baixo das unhas restos da terra ou da tinta da mãe. Quem é a que escreve? A mãe fazendo-o em nome da filha? Talvez a outra, a que usurpa nomes e imagens, a ladra de línguas.”
O Departamento Curricular de Línguas, que organizou o evento, o Conselho Executivo e toda a comunidade educativa do Agrupamento de Escolas de Cerva agradecem a disponibilidade e simpatia da Susana Lima Pereira, da mãe, e de Paula Cruz.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Uma perspectiva especial

Hoje, ao entrarem na biblioteca e verem a Feira do Livro, o Zé a Gabriela, alunos tão especiais e queridos da nossa escola, bombardearam-me logo com as "sacramentais" perguntas:
- E o que é? - perguntou o Zé.
-E quando é? - perguntou a Gabriela.
E a repetição foi outra vez o mote. E não é a vida a repetição das mesmas e eternas questões sobre o mundo?
Depois de escolherem um livro para colorir e do Zé se ter virado para os computadores, a Gabriela fez este desenho da paisagem de livros que se estendia à sua frente. Lindo, Gabriela! Pura pintura abstracta. Agora não perguntem vocês: "E o que é?".

Uma ilha de livros

Procurar, revirar, abrir, folhear, gostar, não gostar, comprar, reservar... Têm sido assim os dois primeiros dias da Feira do Livro na escola. Já tivemos muitas visitas, esperamos mais. Mergulhem com os olhos da emoção nesta nossa ilha de livros. Ela continua à espera que a desbravem até sexta-feira.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Da vida ao livro

"Ó Lala, o lobo comeu mesmo a avozinha? Não, credo Zizinha, as histórias são um supor."
Maria Velho da Costa

Mas às vezes as histórias não são um supor. A vida também se pode transformar numa história que ganha a forma de um livro. É o caso da história comovente de Susana, uma jovem que enfrentou a terrível ameaça da leucemia com coragem e determinação, e que, depois de vencer este combate, quis passar o seu testemunho de vida aos outros. Porque é preciso ACREDITAR!


“Esta doença permitiu-me descobrir novas palavras, novas emoções e foi como se tivesse encontrado o fundo da minha alma e tivesse encontrado a essência onde habita a força de que necessitei para lutar, enfim, para viver!”
  • Não se esqueçam: no próximo dia 13, quinta-feira, a Susana vai estar na nossa Feira do Livro para apresentar o livro A MINHA FORÇA DE VIVER e para nos falar da sua experiência.

domingo, dezembro 09, 2007

Feira do Livro - Programa

Uma árvore para o futuro
O Agrupamento de Escolas de Cerva continua a acreditar no projecto "Pelo livro é que vamos", que procura promover, através de diversas actividades, a valorização do livro e intensificar as práticas de leitura no contexto escolar e no espaço social alargado, participando activamente na construção de comunidades de leitores. Por isso, estamos aqui de novo a convidá-lo a participar nesta «Festa do Livro».
Programa

10-14 de Dezembro
Feira do Livro aberta à comunidade escolar e a toda a comunidade local, na Biblioteca da Escola E.B. 2,3 de Cerva, durante o horário lectivo, e no dia 13 também à noite, das 20h30 até às 22h30.

13 de Dezembro
Convidamo-lo(a) para um «Café com livros», após o jantar em família. Num ambiente acolhedor, entre um café e um livro, poderá participar das seguintes actividades:
20h30 - Um grupo de alunas do clube LerArtes, fará uma pequena apresentação de leituras encenadas, antes da abertura da Feira do Livro.
21h00 - Apresentação do livro A MINHA FORÇA DE VIVER, com a presença da autora, Susana Lima Pereira, seguida de sessão de autógrafos.
21h30 - Apresentação do livro CATÁLOGO DE VENENOS, de Marilar Aleixandre, com a presença da tradutora, Paula Cruz, e do editor, António Luís Catarino.
entre margens…

sexta-feira, dezembro 07, 2007

A festa dos livros na ilha das palavras

Na próxima semana (10-14 de Dezembro) vamos organizar novamente uma feira do livro na nossa biblioteca, à qual carinhosamente chamamos a ilha das palavras, ainda que esteja de momento um pouco à deriva, à espera de renascer em novos oceanos de oportunidades, quando for integrada na rede de bibliotecas escolares (assim haja apoio institucional para corresponder à vontade e determinação dos órgãos pedagógicos e de gestão da escola, que acreditam neste projecto e o querem tornar realidade o mais brevemente possível).
Mas, e retomando o assunto com que abri este comentário, o importante é que mais uma vez façamos do livro uma festa que contagie toda a comunidade educativa, como aconteceu no ano anterior. Todos podem participar - pais, alunos, funcionários, professores, habitantes da localidade - e fazer deste evento um espaço de partilha de experiências e de promoção da leitura: na escola, em família, na comunidade em geral.
A porta está fechada para a fotografia, mas aberta para vos receber e celebrarmos juntos as palavras que crescem nas páginas de mundos habitáveis chamados livros. Venham e levem um livro como amigo também.

domingo, dezembro 02, 2007

Doce insujeição...





As leituras de Liliana Almeida


O último livro que li: Fora de Serviço, de António Mota, Editora Gailivro.

A história inicia-se num sexta-feira, por volta da hora do jantar, na casa de Rui, o narrador autodiegético. A mãe, Isabel, estava na cozinha a fazer o jantar, o pai estava na sala a ver televisão, o irmão estava o quarto a jogar um jogo que lhe tinham emprestado e Rui estava no seu quarto a olhar para o espelho, preocupado com as borbulhas, como todos os jovens da sua idade (treze anos). A mãe chama-os para jantar e eles demoram a chegar. Quando todos já estavam sentados, fez um comunicado bombástico para toda a família: "... a partir deste momento esta Isabel deixa de ser vossa criada. A partir deste momento cada um trata de si.".

Opinião sobre a obra: Este livro fala-nos de um problema da sociedade actual, embora já tenha sido mais grave: o confinar a mulher à banca da loiça, a arrumar pura e simplesmente a casa, acumulando com o desempenho da sua profissão, como mais um dever a cumprir. Gostei de o ler porque denuncia esta sociedade machista que reduz o papel da mulher e recomendava-o a todos os homens que julgam que as mulheres só servem para cuidar da casa e a todas as mulheres que são vítimas desta injustiça.

Informações sobre o autor: António Mota nasceu em Baião, em 1957. É professor do Ensino Básico desde 1979. tem vindo a publicar regularmente para crianças e jovens, contando já com quatro dezenas de títulos. Ganhou diversos prémios literários, entre os quais o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura, em 2004.